quarta-feira, agosto 10, 2011

Carta

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A proposta, enfim, foi aceita.
Recebi hoje, em letras concretas.
Destinatário com nome incompleto.
Remetente também desconhecido.
O assunto é novo, mas diferente.
Estarei no horário marcado,
com minha melhor roupa, e perfume.
Já é meu dia, chegou na hora certa.
E nosso encontro, marcado há tempo;
desde meu nascimento, pela vida.
Olhava para o futuro e te encontrava,
mas não tinha coragem, menos motivo.
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Hoje ainda não tenho, mas aceito.
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Li todas as linhas, o absoluto.
Já me disseram tudo que está escrito.
Todas as pessoas sabem disso,
principalmente as mais velhas.
Eu sabia, mas não queria pensar nisso.
Agora não posso, é tão perto e tão óbvio.
Não escaparei, nem mesmo pretendo.
Dormirei tranqüilo esperando o outro dia.
Como diz a proposta: não existirá mais.
E lá, nas entrelinhas, diz que eu posso;
em qualquer momento, recusar.
Mas eu olhava o futuro e sempre esteve lá.
Não tinha coragem, mas agora tenho motivo.
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Amanhã não tenho mais.
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