segunda-feira, junho 29, 2009

Cartas ao Vento 026

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Tudo mudou desde a última vez que estive por aqui. Para melhor ou para pior? Não sei. Só sei que mudou. Meus cabelos não são mais os mesmos, nem a cabeça: as idéias mudaram, enfim. O que era certo, errado está. O que era bom, não tão bom assim. Mudamos sempre, essa é a única coisa que não muda: essa lei da eterna mudança. Pois então, tudo mudado, e o mais do mesmo sempre igual. Como pode ser?

Não sei dizer. Talvez a mudança seja tão gradual que não nos damos conta de que estamos mudando. Tentei lembrar os filmes que eu gostava quando eu era mais novo, as músicas e o tipo de literatura. Fiquei estacionado em alguma época do passado, como ficam todos os nostálgicos. Sim, eu sou nostálgico. Vivo ainda nos anos noventa, apesar de hoje contar com tanta tecnologia. Aliás, acho que vivo naquela época exatamente por poder contar com a tecnologia: a máquina do tempo foi inventada e não nos demos conta.

Ontem eu revi uma amiga. Há cinco anos não nos encontrávamos, portanto sinto-me envergonhado de dizer amiga. Mas vamos em frente assim mesmo: ela me olhou com dúvida, sabendo quem eu era, mas sem muita certeza. Eu também fiquei na dúvida: mas minha dúvida tinha mais certezas, eu a conhecia, mas não sabia seu nome (mais vergonha ainda por usar “amiga” nesse texto). Então, ficamos nos olhando por alguns minutos, até que ela dá um berro; possivelmente por lembrar quem eu era.

Sim. Sou eu mesmo. Sim. Sim. Sim. Para suas perguntas, minhas respostas eram sempre positivas. Pelo visto nos últimos cinco anos eu não mudei nada, apesar de não ser mais reconhecido tão facilmente por ela. Eu disse sobre a máquina do tempo, ela riu. Concordou em partes. Trocamos endereços, fomos embora.

Hoje virou um número, ontem uma memória.
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segunda-feira, junho 15, 2009

Cartas ao Vento 025


Estou num beco sem saída. Pior ainda: chove. Uma chuva bem forte, que encharca. Minhas roupas leves, pesadas. De repente começa a escurecer. As luzes da rua são demoradas. Estou no caminho certo? Paro e penso no que está acontecendo. Tudo acontece como se fosse um sonho, ou pesadelo: estou diante de uma folha em branco, esperando idéias que não chegam. Nesse beco, tenho outras portas, onde posso entrar e beber alguma coisa: mas nenhuma delas me faz pensar em qualquer texto. Um único texto seria agora um tesouro.

Essa cena da falta de criação é a que mais me assusta: haverá saída qualquer dia desses? O beco será rompido, como a criança rompe o nascimento. As luzes voltarão como antes: coloridas, claras ou escuras? Nesse beco, onde minhas idéias não me ajudam fugir, estou parado com a chuva nos ombros e a cabeça vazia.

Queria muito poder dizer o que estou sentido, mas não consigo. Queria dizer o que outras pessoas estão sentido, como sempre fiz; mas também não tenho mais essa percepção. As pessoas, assim como eu mesmo, são tão irrelevantes, que quero continuar a ignorá-las.

As cartas continuam ao vento?



segunda-feira, junho 01, 2009

NA COVA - Nova Publicação (Em Breve)

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INTRODUÇÃO

Foi um desafio escrever uma história como NA COVA. Ela é totalmente diferente do que estou acostumado a escrever. Conta a história de um garoto chamado Charles, que arruma um emprego num cemitério. Ele faz amizade com Antonio, um velho cansado e solitário.

Não é uma história de aventura, nem de grandes perseguições e ações. Não posso dizer também que seja romântica e cheia dos descompassos da paixão e choradeira do abandono. É uma história simples, tratando de pessoas simples e seus pequenos dramas.

A aparente inocência da história, que muitos perceberão como sem importância, esconde conflitos humanos e suas paixões. Esconde nossos vícios, nossos medos e nossos sonhos. Quantas vezes suportamos perder nossos sonhos?

A maior aventura é sensibilizar-se com as pessoas, entender o que está por trás de suas ações; e de algum modo, nos iludir com por elas.


Boa Leitura!

Sérgio Oliveira
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