segunda-feira, outubro 15, 2007

O Desencontro

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Acharão meu corpo no chão,
Tentarão meu nome em vão.
Vão, os mais desacreditados,
Ficando os que sempre me ignoraram.
Que mal fiz para todos eles?
Para me incomodarem mesmo imóvel?
Puxando o cadáver na urgência;
De ouvirem novamente qualquer indecência.
Jogando o homem na cama,
E a lembrança no calabouço.
Peguem velas, rezas e terços.
Enfim a alma em sossego.
E roguem pela vida eterna,
Da qual todos esperam méritos.
Não queiram minha salvação,
Mas acreditarem que são todos culpados:
A vida é que encontra os arrependidos,
Não o contrário.
Quem está ali no chão, carregado,
Por muitas mulheres, bebida ou tormentos:
Quem sabe é mais feliz agora
Que desencontra tantos motivos.
A vida precisa de respostas,
Não a morte como todos pensam:
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O corpo ali só precisa de um lugar
Para que descanse jamais.
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quinta-feira, outubro 04, 2007

O aflito silêncio

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I
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Silêncio das ondas,
e dos peixes mortos.
Das crianças e dos
filmes.
Das máquinas,
e dos funcionários.
Silêncio da chuva,
da vítima e dos prédios.
Silêncio da comida,
no prato da fome.
Silêncio que eu quero,
em silêncio dizer.
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I I
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Em mim um silêncio breve.
Pode ser amor ou ódio, imperceptível.
Pode ser as duas coisas.
Silêncio que vai embora, que volta.
Que me diz coisas e espera por mim.
Na paisagem quem não anda,
na foto quem sorri,
na vida quem não vive.
O silêncio em todas as coisas
imperceptíveis.
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I I I
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Andei pensando no seu silêncio.
Poderia ser ausência, pode ser muito mais.
Mas é apenas a falta.
Falta do quê dizer, sentir.
Penso mesmo nas coisas que
não me diz enquanto me olha
com reprovação.
Pode ser adeus, pode ser muito mais.
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I V
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E a canção parou, quando
ninguém mais entendeu o quê dizia
No silêncio todos completos,
pela solidão de todos os seus dias.
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